sábado, 30 de junho de 2012

AVADA KEDAVRA!

Há quinze anos, era lançado o primeiro livro da saga Harry Potter.


Não há como negar a importância da chamada literatura de entretenimento. Por mais que críticos mais ferrenhos e petulantes possam denegrir a imagem de sucesso editoriais infanto-juvenis como "Artemis Fowl", "Crepúsculo", "Percy Jackson" e "Desventuras em Série", há de se reconhecer que é através dessas obras que muitos leitores tomam gosto pela leitura. Se eles vão ser curiosos e procurar uma literatura mais engajada e/ou filosófica, depende de cada um, mas que essas histórias podem transmitir valores de forma simplificada e que a leitura delas é melhor que a não leitura de coisa alguma, isso é!

E foi de uma dessas obras que surgiu um dos maiores sucessos literários de todos os tempos: Harry Potter, de J. K. Rowling. Lançado em 1997, o livro "Harry Potter e a Pedra Filosofal" deu início à série de sete livros que fez com que milhares de crianças, adolescentes e mesmo adultos passassem horas em horas com a cara enfiada em um livro. E eu era um deles.

Em "...A Pedra Filosofal", somos apresentados à um jovem órfão britânico que mora em um cômodo debaixo da escada da casa de seus tios. Uma espécia de Cinderela masculino, ele sofre todo tipo de maus-tratos de sua família adotiva. No entanto, ao completar 11 anos, recebe um convite da Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts (o nome é auto explicativo) para que possa ingressar no corpo discente da famosa escola. A vida de Harry muda completamente e ele se vê como peça central de uma batalha entre o bem e o mal. Sim, como toda boa saga, temos a profecia e o escolhido.

Apesar de ser uma obra infanto-juvenil (e talvez justamente por isso), Harry Potter é repleto de temáticas necessárias para a formação de uma criança. O amor é visto como uma espécia de magia extremamente poderosa; foi pelo amor de sua mãe que se sacrificou para salvá-lo que Harry se mostra tão forte contra as forças do mal. A morte está presente desde o primeiro livro, com a morte dos pais de Harry e a obsessão de Voldemort em derrotá-la (inclusive, o nome do vilão pode significar tanto "voo da morte" quanto "roubar a morte"). A mãe de Harry deixa a mensagem que o amor é maior que a morte em seu sacrifício em contraponto a Voldemort, que realiza as maiores atrocidades para se manter imortal. O preconceito também é trazido às aventuras do jovem bruxo, por meio da temática dos sangue-ruim (aqueles bruxos que têm um pai trouxa - não bruxo -  e outro pertencente à comunidade mágica). Outro tema recorrente nas histórias de J. K Rowling são as escolhas: em "A Câmara Secreta", segunda aventura de Harry, o diretor de Hogwarts e espécie de mentor de Potter afirma: "São as nossas escolhas, Harry, que revelam o que realmente somos, muito mais do que as nossas qualidades". No quarto livro da saga, "O Cálice de Fogo", o diretor volta a ensinar que, mais importante do que como se nasce, é o que a pessoa se torna. 

É claro que, embora a ideia tenha parecido totalmente inédita, Harry Potter bebe muito da fonte de uma tradicional literatura infantil inglesa (internatos Victorianos, criaturas mágicas e fantásticas) além de receber pinceladas de filosofia, astronomia e latim (desde nomes de personagens a feitiços, é possível achar um significado em quase todas as palavras que soam mais "estranhonas"). As histórias também possuem uma íntima relação com a literatura detetivesca: mistério, clímax (sempre com uma reviravolta surpreendente) e desfecho contribuíram para que milhares de leitores não tirassem os olhos das páginas durante 10 anos.

Devido a todo esse cuidado de criar um mundo inteiramente mágico diferente do nosso (mas, propositalmente, com os mesmos problemas que ninguém conseguiria resolver mesmo com uma varinha mágica) que Harry Potter ainda faz sucesso, contrariando críticos que odeiam a saga e referem-se a ela como "escrita para mentes que estão acostumadas a desenhos animados". Porém, finalizo com as palavras de Stephen King: "Harry Potter passará o teste de tempo e irá para uma prateleira onde somente os melhores são mantidos. É uma série não só para uma década, mas para eras". Pelo menos para uma geração, isso será verdade!


Confira todos os feitiços dos oito filmes de Harry Potter.

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